sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Barba, cabelo e bigode



legenda: "Gillette, patrocinador oficial da Copa do Mundo Fifa desde 1982"

Retomando a questão dos cabeludos e barbudos no futebol do post anterior, eis que me deparo com esse anúncio simplesmente genial da Gillette. Sim, essas fotos são as figurinhas do álbum da Copa do Mundo de 1978 (não lançado no Brasil na época).

O Brasil marca presença com o Rivelino - e poderia ser outro? -, o primeiro à direita na fileira de cima. No entanto, quem mais chama a atenção vem logo abaixo dele: o mexicano Leonardo Cuellar, de vastidão capilar inversamente proporcional ao futebol da seleção de seu pais, lanterna daquele Mundial.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

No tempo em que um timaço jogava no Andaraí


Em pé: Orlando, Geraldo, Rogério, Alex, Ivo e Álvaro; Agachados: Flecha, Bráulio, Luisinho, Edu e Gilson Nunes.

* * *
Lembro da primeira vez em que vi a foto do time do América campeão da Taça Guanabara de 1974. Eu era moleque, tinha uns 10, 11 anos, e a foto saiu na sessão de cartas de uma Placar na época.

A princípio, o que mais me impressionou foi que a equipe - repleta de cabeludos e barbudos, bem ao estilo da época - parecia mais uma banda de rock do que um time de futebol. Poderia se chamar Black Sabbath F.C., se quisesse.

Depois fui saber - de ler, pesquisar e ouvir histórias - que se tratava de um timaço. Aguerrido, ofensivo, mas acima de tudo muito técnico, no qual até os beques eram classudos.

Depois de um 1973 bem fraco, o time começou o ano seguinte em grande forma. Treinado por Danilo Alvim, "o Príncipe", ex-jogador do próprio América e do Vasco nos anos 40 e 50, fez a terceira melhor campanha da primeira fase do Brasileiro - disputado no primeiro semestre - entre todos os 40 participantes, atrás apenas de Grêmio e Flamengo.

No entanto, os problemas começaram a aparecer na reta final. Devido aos atrasos de salários, o meia Tadeu Ricci (que depois jogaria no rubro-negro carioca e no tricolor gaúcho) abandonou o clube, e o centroavante Caio "Cambalhota" rompeu com a diretoria. Diante disso, era inevitável a queda de rendimento, e o América acabou de fora do quadrangular final da competição, vencida pelo Vasco.

Foi então que a boa fase voltou no Carioca. A prova disso veio logo na partida de estréia, jogo de entrega das faixas de campeão brasileiro do Vasco. Com três gols de Luisinho, o América fez 4 a 1 e "botou água no chope" do time cruzmaltino, como se disse na época.

O título da Taça GB veio em 22 de setembro, quando o time formado por Rogério; Orlando, Alex, Geraldo e Álvaro; Ivo, Bráulio e Edu (depois Renato); Flecha, Luisinho e Gilson Nunes venceu por 1 a 0 o Fluminense treinado por um jovem Carlos Alberto Parreira, que alinhou Félix; Toninho, Brunel, Assis e Marco Antônio; Carlos Alberto Pintinho, Gérson e Cléber; Cafuringa, Gil e Mazinho.

O time ainda chegou com chances nas últimas rodadas dos outros dois turnos da competição, mas não levou a taça. No triangular final, perdeu para o Flamengo por 2 a 1 e empatou com o Vasco em 2 a 2, ficando de fora da briga. Mas vale destacar a boa campanha ao longo da competição, na qual o América não perdeu um ponto sequer para os times pequenos: 18 vitórias, três empates e seis derrotas (quatro para os rubro-negros e duas para os cruzmaltinos), em 27 partidas.

Os titulares, da foto e de todo o campeonato, eram os seguintes:

Rogério - O goleiro fez parte da leva de jogadores recebida pelo time rubro na negociação do atacante Tarciso com o Grêmio em 1973. Antes de chegar ao Rio, porém, defendeu ainda o extinto Ceub, de Brasília.

Festejado ao chegar por ter conseguido se firmar como titular depois que vários outros goleiros fracassaram - chegou a ser capa da Placar em setembro de 74 -, foi acusado de estar "vendido" na partida contra o Flamengo no triangular final (vitória rubro-negra por 2 a 1) e acabou perdendo a posição.

Orlando - Um dos maiores laterais-direitos da história do clube e um dos grandes da posição no Brasil na época, o jogador veio do Santos em 74, depois de passagem por empréstimo pelo Coritiba no ano anterior.

Projetava-se muito bem ao ataque e era exímio cobrador de faltas e pênaltis. De seu pé direito, aliás, saiu a bomba que explodiu nas redes de Félix e deu o título do primeiro turno ao América. Era também muito temperamental: expulso na partida contra o Olaria - a penúltima da Taça Guanabara -, acabou absolvido e liberado para enfrentar o Fluminense.

Em 1976, chegou à seleção brasileira comandada por Osvaldo Brandão, que derrotou a Itália por 4 a 1 na decisão do Torneio Bicentenário, nos Estados Unidos. No ano seguinte, acabou vendido ao Vasco. Em 1981, defendeu ainda a Udinese.

Alex - Nascido Alexander Kamianecky, em Hannover, na Alemanha, por muito pouco o zagueirão que aliava técnica, raça e muita disciplina não se tornou um raro caso de estrangeiro defendendo a seleção brasileira.

Em 1970, fez parte do listão de pré-convocados para a fase de preparação para a Copa do Mundo daquele ano, mas acabou cortado sem chegar a vestir a camisa canarinho. Em 77, ganhou ainda o troféu Belfort Duarte, recebido pelos atletas que passaram dez anos sem receber cartão vermelho.

O jogador chegara ao América em 1967, depois de defender por dois anos o Aimoré de São Leopoldo, no interior gaúcho. E só saiu do clube carioca em 1980, com 673 partidas pelo time rubro no currículo e um lugar de destaque na história americana. Hoje, está imortalizado na calçada da fama do Maracanã.

Geraldo - Revelado pelo clube, virou titular da zaga no Carioca, fazendo grande dupla com Alex. Marcador vigoroso, foi vendido ao Vasco em 1977, juntamente com Orlando, sendo campeão carioca naquele mesmo ano.

Álvaro - Outra cria do América. Assim como Alex, ficou no clube até o começo dos anos 80, mas nem sempre como titular. Lateral-esquerdo seguro, não se destacava tanto no apoio quanto Orlando, mas exibia grande regularidade.

Ivo - Talvez um dos jogadores dos quais o Grêmio mais se arrependeu de ter incluído na negociação de Tarciso. Volante clássico, firme no combate e perfeito na distribuição e saída de jogo.

Em 1975, esteve prestes a ser vendido ao Atlético de Madri. No entanto, seus exames médicos acusaram um grave problema cardíaco. Até hoje comenta-se que o clube espanhol teria inventado a polêmica para desistir da negociação e contratar em seu lugar Leivinha e Luis Pereira, do Palmeiras.

Coincidência ou não, o fato é que Ivo acabou se transferindo para o time paulista em 1977. Depois de encerrar a carreira, virou técnico e ganhou direito ao sobrenome, Worthmann.

Bráulio - O meia-atacante era considerado o "garoto de ouro" do futebol gaúcho, quando começou no Internacional. Chegou ao América em 74, na troca pelo centroavante Sérgio Lima com o colorado, que trouxe ainda os atacantes Volmir e Manuel ao time carioca.

Um dos responsáveis pelo jogo muito técnico do time e preciso nos lançamentos, ficou no América até o fim da década, tendo ainda passagens por Botafogo e Coritiba.

Edu - Hoje lembrado como "irmão do Zico", na época, era o Galinho - então surgindo no Flamengo - que era conhecido como "irmão do Edu". Eduardo Antunes Coimbra entra fácil em qualquer escalação de melhores de todos os tempos do América.

Chegou ao clube em 1965, e quatro anos depois foi artilheiro do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (o Brasileirão da época), com 14 gols. De estilo de jogo semelhante ao irmão mais novo, honrou a camisa 10 do América até 1974. Em seu último jogo oficial pelo time rubro, contra o Vasco na segunda partida do triangular final do Carioca daquele ano, marcou o gol de empate em 2 a 2 aos 39 minutos do segundo tempo, num resultado que praticamente deu o título ao Flamengo.

A partir do ano seguinte, passou a rodar por diversos clubes do Brasil, jogando nos próprios Flamengo e Vasco, além do Bahia, Colorado-PR, Joinville, Brasília e Campo Grande-RJ.

Voltou ao América em 1982, como técnico, levando o time ao título do segundo turno do Estadual daquele ano - a primeira Taça Rio. Em 1984, enquanto dirigia o Vasco, assumiu a seleção brasileira por apenas três jogos. Desde então comandou vários outros times do Brasil e do exterior, e passou a acompanhar Zico na função de auxiliar técnico do irmão.

Flecha - Ponta-direita rápido (daí o apelido), habilidoso e impetuoso, foi outro jogador de quem o Grêmio deve ter lamentado incluir na negociação com o América. Formou uma ala direita de muita raça com Orlando.

Infelizmente para os rubros, só chegou a defender a seleção depois de ter sido vendido ao Guarani, em 1976. Também teve passagem pelo Coritiba antes de chegar ao América.

Luisinho - Outro jogador muito ligado ao América, Luisinho Lemos - ou Luisinho "Tombo" - foi lançado no time de cima em 1973, mas a consagração como titular veio no ano seguinte.

Vice-artilheiro do Brasileiro, com 15 gols - um a menos que Roberto Dinamite, do Vasco - e maior goleador do Carioca, com 20, o centroavante terminou 1974 cobiçado por clubes como o Palmeiras e o próprio time de São Januário, mas acabou assinando com o Flamengo, onde formaria grande dupla com Zico, entre 1975 e 77.

Irmão mais novo de dois outros grandes centroavantes do futebol brasileiro - César "Maluco", do Palmeiras, e Caio "Cambalhota", do Flamengo -, Luisinho ainda defenderia o time rubro entre 1980 e 1981, 1982 e 1984, e 1985 e 1987. Na longa carreira, jogou ainda no Internacional (1977), Botafogo (1978 e 79), Las Palmas da Espanha (1982), Palmeiras (1984) e Americano (1987).

Gilson Nunes - Um dos jogadores mais experientes daquela equipe, já tinha sido campeão carioca em 1964 pelo Fluminense e em 1970 pelo Vasco. Chegou ao América em 1974 e ficou até 76. Ponta-esquerda, além de ir à linha de fundo, fazia muito bem a função de compor o meio-campo.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Um escocês que dá dor de cabeça ao Real

A conquista do prêmio Bola de Ouro pelo meia-atacante português Cristiano Ronaldo, do Manchester United, tirou um pouco dos holofotes a guerra verbal entre o técnico do clube inglês, Alex Ferguson, e o Real Madrid, equipe que fez (e faz) de tudo para ter o jogador em seu elenco.

O escocês Ferguson, que não tem papas na língua ao se referir ao Real como o "time de Franco", acusa a equipe espanhola de aliciar o português, e de tornar bastante público o interesse na contratação do jogador, mesmo em um momento em que a janela de transferências está fechada.

No entanto, a rivalidade entre o treinador e o clube espanhol vem de longe. Em 1983, Ferguson levou o Aberdeen, equipe mediana mesmo no futebol escocês, ao título da extinta Recopa Européia contra os merengues, numa final surpreendente em Gotemburgo.

Com o técnico, o Aberdeen viveu sua fase de ouro no início dos anos 80 e, mesmo sem contar com grandes estrelas dentro de campo, derrubou por um breve período a hegemonia dos times de Glasgow, Celtic e Rangers, com três títulos do Campeonato Escocês e outros três da Copa da Escócia.

Já o Real, apesar de chegar à decisão como favorito por sua tradição, não tinha um grande time e vivia uma fase ruim. Depois da conquista do Campeonato Espanhol de 1980, a equipe só voltaria a levantar o título em 1986, com um elenco bastante modificado.

Entre os que foram a campo pelos merengues naquela decisão na Suécia estavam o zagueirão holandês John Metgod, o meia alemão Uli Stielike, além do lateral-esquerdo espanhol José Antonio Camacho. Na frente, a dupla clássica do Real da época, formada pelo ponta Juanito e o centroavante Santillana, exímio cabeceador.

No Aberdeen, os nomes de maior destaque eram o goleiro Jim Leighton, o lateral Willie Miller e o ponta Gordon Strachan.

Na decisão, o time de Ferguson saiu na frente logo aos quatro minutos de jogo, com um gol de Black, mas Juanito, de pênalti, empatou para o Real. O placar não se alterou até os sete minutos do segundo tempo da prorrogação, quando o reserva Hewitt fez o gol do título para os escoceses.

Para os espanhóis, a derrota significou mais uma temporada de jejum em títulos europeus - o último fora a Copa dos Campeões em 1966. Mas pior mesmo foi perder um torneio onde todos os adversários considerados mais fortes já haviam caído bem antes da final.

Primeiro foi o Tottenham, batido ainda nas oitavas-de-final pelo Bayern de Munique. Já os alemães foram eliminados nas quartas, pelo Aberdeen - na primeira proeza de Ferguson naquela temporada -, enquanto na mesma fase, a zebra belga Waterschei tirava o Paris Saint-Germain na prorrogação.

Também nas quartas, o Real passava pela Inter de Milão (freguesa recorrente do time madrilenho nos anos 80), enquanto o Austria Viena fazia um grande favor aos merengues, desclassificando o atual campeão, o Barcelona de Diego Maradona, e impedindo a realização do grande clássico espanhol nas semifinais.

O prestígio conquistado com o título continental não tardou a gerar frutos para Ferguson. Em 1985, ele foi apontado técnico da seleção da Escócia para a Copa do Mundo do ano seguinte, no México, em medida emergencial. O comandante anterior, o experiente Jock Stein, fora vítima de um colapso cardíaco à beira do campo, após um gol de empate dramático dos escoceses contra o País de Gales na última rodada das Eliminatórias.

Em novembro de 1986, "Fergie" foi chamado para assumir o lugar de Ron Atkinson no Manchester United - que àquela altura ocupava a lanterna do Inglês. Vinte e dois anos depois, o escocês continua no mesmo posto. E ainda dá muita dor de cabeça à torcida e aos dirigentes do clube de Madri.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Baba, baby


(Foto: "A Bola")


O ABC estava vencendo o Barueri por 2 a 0 no Frasqueirão. Aos 42 minutos do segundo tempo, Márcio Hahn recebeu a bola na entrada da área e mandou uma bomba, sem chances para o goleiro Renê.

Hahn correu para a câmera atrás das placas de publicidade e fez uma homenagem bem especial.

"Meu filho, esse gol é pra você! Henrique ********, te amo!", disse.

Os "*******" representam a baba gigante que caiu da boca do autor do golaço. Uma bola de cuspe de respeito banhou o gramado do estádio potiguar.

O narrador do Premiere ficou empolgado com a qualidade daquela saliva e não esqueceu dela durante o grito de gol.

"Mááárcio Hahn! O ABC faz três a zero! Pode babar, Márcio! Pode babar!", disse.

Raul Quadros também não escondeu sua admiração com o feito do jogador.

"Um belo gol. Você vê que ele até babou...", disse um impressionado Raul.

Fim de jogo e o repórter correu atrás do Hahn.

"E aí, Márcio? E aquele golaço? Vale até babar na comemoração?", perguntou.

Ah, o espírito da Série B!

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Já na Copa São Paulo deste ano, a partida entre Ceilândia e América-SP revelou o jogador mais sentimental do futebol brasileiro.

REPÓRTER: Olha, eu tô aqui com o Wender Love, que não tem esse nome por causa do Vagner Love, não é?

WENDER LOVE: Não, não... Foi o preparador físico que botou esse apelido em mim. É porque sou muito sentimental, vivo chorando.

R: E no jogo de hoje você vai chorar ou vai rir?

WL: Ah, eu vou chorar! Chorar muito! Com certeza! Mas chorar de alegria!

Infelizmente, o América venceu com um chorado 1 a 0, eliminando o Ceilândia.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Da série "Patrocinadores Curiosos"...


Nottingham Forest de 1984-1985, um time que jogava redondo...


Na foto, o zagueiro Chris Fairclough. A marca de cerveja - de propriedade do grupo dinamarquês Carlsberg - ficaria estampada na camisa do clube até a temporada seguinte, 1985-1986.
*fonte da foto: www.sporting-heroes.net

terça-feira, 21 de outubro de 2008

No tempo que Zola jogava no Andaraí

Com o fim do Mundial de futsal, finalmente pude fazer minha estréia nesse blog. Para meu primeiro post, escolhi o duelo entre Brasil e Itália.

O jogo da quadra deixou um certo sabor de frustração. Sem querer entrar na questão das naturalizações ("It's a joke", disse um fotógrafo gringo no Centro de Imprensa), você fica esperando um confronto de escolas, tipo o que aconteceu na final, contra a Espanha.

Brasil x Brasil Entre Aspas foi legal de assistir, mas principalmente pelos nervos à flor da pele e a briga no intervalo. Nada que chegue perto da qualidade do jogo, do futebol de campo, no Torneio da França, em 1997.

Esta competição reunia também o país-sede e a Inglaterra, e tinha a função de servir como teste para a Copa do Mundo de 1998. A Copa das Confederações foi disputada no final daquele ano, mas era só um torneio perdido no calendário, sem a importância de hoje.

O Brasil empatou em 1 a 1 com a França na estréia. Foi o jogo do gol mítico do Roberto Carlos. Na seqüência, os comandados de Zagallo pegaram a Itália, numa partida épica.

Sim, já houve um tempo em que a seleção brasileira empolgava. E sim, já teve uma época em que jogávamos, no mesmo ano, contra ingleses, franceses e italianos - e não enfrentávamos só Tailândia, Argélia e Hong Kong.

O jogo de 8 de junho foi disputado em um Gerland com obras inacabadas. Atrás dos gols, eram vistos tapumes com imagens de craques como Rivellino.

Dentro de campo, a Itália começou massacrando e, logo aos seis minutos, Alessandro Del Piero abriu o placar, de cabeça.

Aos 23, Demetrio Albertini cobrou falta e surpreendeu Taffarel, que ainda arrumava a barreira. A bola ainda desviou em Aldair.

O Brasil demorou, mas entrou na partida. Aos 35, conseguiu diminuir. Roberto Carlos mandou uma bomba, que desviou no carequinha Attilio Lombardo, enganando Gianluca Pagliuca.


Marcação mítica. E pensar que no mesmo jogo,
o Célio Silva operou o Del Piero..
.

No segundo tempo, a Itália fez 3 a 1 com um pênalti cobrado por Del Piero. Aldair havia derrubado Filippo Inzaghi dentro da área.

Já aos 27, um magro Ronaldo deixou Billy Costacurta no chão e fez um golaço.

Quem fazia boa partida era Denílson, com aquela correria que ainda conseguia enganar a gente.

Ele foi bem neste dia, mas quem viu Elivélton e Denílson está vacinado para Robinho e afins.

E para quem não sabe porque Romário é o gênio da grande área, basta assistir ao vídeo com o lance do gol de empate, aos 39. Um dos mais bonitos de sua carreira, que mostra a sua famosa explosão e a habilidade. O lance é magnífico e levou o narrador chinês à loucura, um Éder Luiz².



Quando estas seleções se encontrarem no amistoso do início de 2009, as formações serão totalmente diferentes. Acredito que só o Cannavaro deva estar em campo. Será que ainda teremos Dunga no banco?

BRASIL - Taffarel; Cafu, Célio Silva(!), Aldair e Roberto Carlos; Mauro Silva (Flávio Conceição), Dunga, Leonardo e Denílson; Romário e Ronaldo. Técnico: Zagallo.

ITÁLIA - Pagliuca; Panucci, Cannavaro, Costacurta e Maldini (Di Livio); Di Matteo, Albertini, Dino Baggio (Fuser) e Lombardo; Vieri (Inzaghi) e Del Piero. Técnico: Cesare Maldini.

Cartões Amarelos: Mauro Silva, Dino Baggio e Costacurta.

A relação dos outros jogadores inscritos pelas duas seleções no Torneio da França é a seguinte:

Itália: Peruzzi, Nesta, Torrisi, Benarrivo, Zola, Casiraghi e Chiesa.

Brasil: Carlos Germano, Zé Maria, Gonçalves, Márcio Santos, Zé Roberto (como lateral), César Sampaio, Giovanni, Djalminha, Edmundo e Paulo Nunes.

TORNEIO DA FRANÇA

Resultados do Torneio da França, realizado entre 3 e 11 de junho de 97. A Inglaterra foi campeã e o Brasil, invicto, terminou em segundo.

França 1 x 1 Brasil (jogo do gol antológico do Roberto Carlos)
Inglaterra 2 x 0 Itália
França 0 x 1 Inglaterra
Brasil 3 x 3 Itália
Inglaterra 0 x 1 Brasil
França 2 x 2 Itália

Classificação: Inglaterra (6 pts), Brasil (5), França e Itália (2).

Artilheiro: Del Piero, seis gols.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O dia em que Three Degrees deram o tom em Old Trafford


Neste domingo, o Manchester United recebe o West Bromwich Albion no lendário estádio de Old Trafford em mais uma partida pelo Campeonato Inglês. Provavelmente o time do técnico Alex Ferguson vencerá com facilidade e subirá mais um pouco na tabela do torneio, que, mais cedo ou mais tarde, voltará a ter os próprios Red Devils se revezando nas quatro primeiras posições com Arsenal, Chelsea e Liverpool.

Mas houve um tempo em que a liga da terra da rainha era mais equilibrada e, como acontece mais ou menos no Brasileirão, uns dez times chegavam com chances de levantar o caneco. Conquistando-o ou não, muitas dessas equipes são lembradas até hoje, por diversos motivos.

O West Brom é lembrado exatamente por uma partida contra o Manchester United em Old Trafford, há exatos 30 anos. Na verdade, quase 30 anos, já que foi disputada em 30 de dezembro de 1978. E na verdade, não só por esse jogo, mas por toda a temporada 1978-1979, na qual o time terminou na terceira colocação.

O jogo em questão terminou com o placar de 5 a 3 para os visitantes. Pelo United, então dirigido por Dave Sexton, marcaram Brian Greenhoff, num chutaço de fora da área após rebote da defesa em cobrança de escanteio; o zagueirão escocês Gordon McQueen, de cabeça; e o norte-irlandês Sammy McIlroy, após roubada de bola na lateral da defesa dos Baggies.

Já pelo West Brom, foram dois do bigodudo meia Tony Brown, um de Len Cantello, um de Laurie Cunningham e um de Cyrille Regis.

O time do meio-oeste já contava com um meia-armador promissor, Bryan Robson, que ao longo dos anos 80 viria a ser o cérebro do - ironia do destino - Manchester United e do English Team.

Embora jogasse muita bola, não era Robson quem chamava mais a atenção na equipe, mas sim o trio formado por Cunningham, Regis e o lateral Brendon Batson, todos negros.

Talvez hoje possa parecer impensável, mas até os anos 70 era bastante raro encontrar jogadores negros atuando no futebol inglês. Entre os titulares então, daria para contar nos dedos de uma mão. Mas quando o então desconhecido técnico Ron Atkinson contratou Batson para fechar o trio e os apelidou de "Three Degrees", em referência a um popular grupo vocal feminino americano de soul e r&b da época, fez uma revolução no esporte em um período explosivo no Reino Unido.

O panorama social, político e cultural das ilhas britânicas da virada dos anos 70 para os 80 incluia o movimento punk, que estourou um ano antes; a chegada ao poder da polêmica Margaret Tatcher, um ano depois; e os constantes choques nos bairros da periferia de Londres, habitados maciçamente por imigrantes vindos das ex-colônias britânicas nas Índias Ocidentais (Caribe), que protestavam exigindo melhores condições de vida e eram fortemente reprimidos pela Polícia. Estes distúrbios eram retratados em letras de músicas de bandas como The Clash, além das birraciais The Specials, The Beat e UB40.

Cyrille Regis era um imigrante. Nascido na Guiana Francesa, acabou indo parar na Inglaterra com sua família meio por acaso, ainda na infância. Centroavante de grande força física e chute muito potente, também sabia usar bem a técnica sempre que necessário, como no passe de calcanhar para Cantello marcar o segundo do West Brom contra o Man United. Depois de defender vários outros clubes e a seleção inglesa, Regis virou técnico.

Brendon Batson também era imigrante, nascido na ilha de Granada, e veio para o Reino Unido com sua família aos nove anos. Lateral-direito de pouca técnica, mas muita raça, fez mais sucesso depois que abandonou os gramados, tornando-se presidente da Associação de Jogadores Profissionais inglesa.

Já Laurie Cunningham era o único nascido em Londres. Ponta-esquerda de drible fácil e muita velocidade, exibia incrível facilidade para passar pelos adversários. Acabou com a defesa do Valencia em um jogo pelas oitavas-de-final da Copa da Uefa naquela temporada.

Antes, em abril de 1977, tinha se tornado o primeiro negro a defender uma seleção inglesa, ao jogar (e marcar) pela sub-20 numa partida contra a Escócia em Sheffield (em novembro do ano seguinte, o lateral-direito Viv Anderson, do Nottingham Forest, acabou sendo o pioneiro na seleção principal, num amistoso contra a Tchecoslováquia, em Wembley).

A temporada 1978-1979 foi a última de Cunningham com os Baggies. Ao final dela, iria para o poderoso Real Madrid, por quase um milhão de libras, uma fortuna para a época. Pelo novo clube, conquistaria a liga espanhola em 1980 e seria vice-campeão da Copa dos Campeões de 1981 após perder a final para o Liverpool, no estádio Parque dos Príncipes, em Paris.

No entanto, a partir daí, problemas disciplinares e de lesão fariam sua carreira perder o rumo. Cunningham defenderia ainda Sporting Gijón, Olympique de Marselha, Leicester, Wimbledon (surpreendente campeão da Copa da Inglaterra em 1988), Charleroi da Bélgica, Rayo Vallecano e até mesmo o Manchester United, por empréstimo.

Em 15 de julho de 1989, semanas depois de levar o Rayo Vallecano à primeira divisão espanhola, Cunningham morreria em um acidente de carro em Madri, aos 33 anos.

No entanto, o legado dos "Three Degrees" ingleses já estava espalhado pelos gramados britânicos, apesar das vergonhosas manifestações racistas presentes até hoje nos estádios do país.

Em 2000, Regis, Cunningham e Batson viraram tema do livro "Samba in the Smetwick End", de Dave Bowler e Jas Bains. Há ainda um vídeo com os gols e melhores momentos da partida de Old Trafford no Youtube, a última desde então em que um visitante marcou cinco gols contra o Manchester United em seu estádio.


Na foto, da esquerda para a direita: Cunningham, Batson e Regis e as "verdadeiras" Three Degrees, vestidas com a camisa do West Bromwich Albion.